Com a popularidade dos zumbis nos filmes e
jogos eles acabaram por perder o impacto de “personagem de terror” que tinham
nos filmes antigos de George Romero e hoje muitos tem o pensamento infantil:
“Como seria legal um apocalipse zumbi”. Se você é um dos que pensam assim,
sinto lhe dizer que está muito enganado no seu conceito de “legal”.
Normalmente quando alguém diz que queria um
apocalipse zumbi, se imagina naquela primeira semana, onde ainda se tem comida
e água, matando aqueles chatos da escola que viraram zumbis (pensamento de
estudante adolescente e infantil – coisa que evidentemente não aconteceria), mas
vamos supor que fosse assim o início, e depois? E depois de 10 anos, por
exemplo? Até porque se pensarmos na possibilidade de que um caos zumbi
ocorresse, provavelmente não haveria mais volta. Você pode até ter bons
argumentos justificando como sobreviveria já que a 2000 anos atrás não existia
comida industrializada nem garrafinha de água, mas então eu seria obrigada a
argumentar sobre a verdade da nossa realidade: a nossa geração atual mal
consegue sobreviver um dia sem internet, imagine um mundo onde os recursos
seriam escassos e haveriam mortos-vivos por toda a parte, isso sem citar as
pessoas que tentariam lhe matar para saquear seus bens, eventualmente.
Vamos fazer uma simulação: digamos que você
está deitado ouvindo música, sua mãe está preparando o jantar e seu pai chega
em casa de repente, desesperado, ligando a TV imediatamente. A repórter de um
plantão especial fala que as pessoas estão enlouquecendo e matando seus
familiares e quem mais chegar perto, então a TV perde o sinal e após algum
tempo você e sua família escutam gritos que vem da rua. Olhando pela janela veem
as pessoas correndo apavoradas, algumas sendo seguidas por outros que se
comportam de forma bastante estranha, como animais descontrolados. Além disso,
ao longe parece haver fumaça alertando para pequenos focos de incêndio, coisa
que nesse ponto você ainda não entende direito do que se trata. Como dito, nesse
ponto você não teria idéia do que estaria acontecendo e provavelmente estaria
em pânico e não pensaria em nada direito. Seu pai vai com você e sua mãe até o
carro, falando que quer ir até seus tios e seus avós a fim de reunir a família
para descobrir o que está acontecendo. Vocês conseguem chegar à casa de seu tio
e todo mundo na casa está assustado e nervoso, alguns falando que o ocorrido
podia ser uma doença ou algum tipo de atividade terrorista. Você, jovem, que se
lembra dos filmes, séries e jogos que viu, onde acontecia algo parecido com o
que está acontecendo, pensa “Legal, vou ficar bem”, mas há um pequeno detalhe
que você não avaliou: tudo que você viu na ficção funcionaria de verdade? Você
realmente acha que os adultos lhe dariam ouvidos? Você ficaria com sua família
obedecendo o que eles lhe mandassem fazer ou simplesmente fugiria e seguiria
seu próprio caminho? Se escolhesse ficar com sua família, aguentaria vê-los
morrer (supostamente) em meio ao caos e conseguiria viver com isso?
Respondendo a essa simulação, vamos dizer que
você sobreviveu por dez anos nesse mundo destruído e sem lei, você não teria
nada de qualidade, nem mesmo se vivesse em possíveis colônias ou áreas de
quarentena. Para aqueles que andariam sozinhos na estrada, vale lembrar que em um
apocalipse zumbi, os zumbis (ou infectados) seriam a menor das preocupações, o
menor dos inimigos, pois zumbis não te observam de longe, zumbis não pensam no
que você tem, zumbis não usam armas de fogo e não preparam armadilhas, zumbis
simplesmente avançam instintivamente como meros animais. Procurando por restos
de alimento e água, os “lobos solitários” ainda precisariam se preocupar com possíveis
grupos de caçadores, assassinos, ladrões, estupradores, e tudo isso sempre com
o risco de ser infectado ou acabar virando comida de morto-vivo.
Créditos do Artigo: Yandra Lara.
Revisão e Adaptação: Dan Yukari.