Li o roteiro de George Romero e para quem não sabe, ele foi o primeiro a ser chamado para ser diretor e roteirista quando a Capcom teve a ideia de fazer as versões cinematográficas. A Capcom já havia trabalhado com Romero antes em um comercial de Bio Hazard 2 de 30 segundos, esse comercial representa melhor o universo de Resident Evil que todos os filmes do Paul Anderson com a personagem Alice juntos.
Em meados de 1998 a franquia estava se expandindo e no auge de sua popularidade, ainda mais com o sucesso de Resident Evil 2 e com a ideia de levar o tema para as telonas dos cinemas, a Capcom, que havia gostado do trabalho de Romero no comercial, não pensou duas vezes antes de chama-lo para escrever e dirigir o filme. Romero ficou receoso, pois em seus filmes ele era o dono da história, nunca antes havia feito uma adaptação, mas mesmo assim aceitou o desafio. Primeiramente ele pediu que uma pessoa jogasse o jogo enquanto ele assistia, dessa forma ele pretendia extrair o máximo de informação possível para poder escrever seu roteiro e não demorou para que ficasse pronto. Quando a Capcom leu o roteiro do cineasta o descartou imediatamente alegando que “o roteiro não era muito bom, era distante demais da história do jogo”, porém esse argumento viria a baixo algum tempo depois, pois os roteiros do Paul Anderson podem ser considerados, de certa forma, bem piores.
O roteiro de Romero era todo baseado no primeiro jogo da franquia, principalmente nas partes que se passam na mansão. Tinha como personagens Chris Redfield, Jill Valentine, Richard, Rebecca e Barry. Barry não era um sujeito ruivo e sim um negro, mas isso nem seria algo relevante considerando que ele é um personagem secundário ou se formos comparar isso a tudo que Paul Anderson fez em seus filmes. Chris também não seria dos S.T.A.R.S., ele seria um nativo que vivia na floresta e tinha um relacionamento amoroso com Jill, que era membro dos S.T.A.R.S., realizando o sonho de muitos fãs de ver os dois juntos. Ada estaria presente e seria um dos cientistas da Umbrella.
Entre os pontos positivos está o de que dezenas de elementos do primeiro jogo estariam presentes, a aventura se passaria quase que totalmente na mansão Spencer, Wesker seria o vilão e trairia o grupo, Barry o ajudaria e no final voltaria a ser herói, assim como no título original. Neptune, o tubarão gigante, a Planta nº42, os Hunters, os Cérberus, a Cobra Gigante, Tyrant e milhares de zumbis estariam no hall de inimigos dificultando a vida do grupo e dos dois protagonistas. A morte do Tyrant seria tão fiel ao jogo que pareceria uma cópia.
O fato de Chris não ser dos S.T.A.R.S. não afetaria o filme de forma tão radical, não tanto quanto Paul conseguiu afetar, não apenas a história como mesmo os próprios personagens presentes. Outra fator que contribuiu para que a Capcom não aceitasse o roteiro de Romero era o público alvo. Romero dirigia filmes para adultos e a faixa etária era para maiores de idade. A empresa procurava algo com menos sangue e voltava para um pública mais jovem.
Paul Anderson foi escolhido pois para quem aí não sabe, na mesma época ele havia dirigido o primeiro filme de Mortal Kombat (e por um milagre o roteiro é muito fiel ao primeiro jogo, não tem a Alice humilhando Liu Kang e derrotando o Shang Tsung), e conseguiu a proeza de adaptar um jogo extremamente violento para as telas do cinema com todos os elementos que o mesmo tinha sem se desviar do público alvo desejado. Outro fator decisivo na escolha foi quanto aos custos de produções da obra de Romero. O filme necessitava de recursos demais e ficaria absurdamente caro. Para se ter uma ideia, no primeiro filme dirigido por Paul, aquele que aparece da metade até a batalha (se é que se pode chamar aquilo de batalha) final não fazia partes dos planos, não era para ele estar lá. Ele só foi introduzido na história de última hora porque eles conseguiram uma verba extra a mais. Imaginem então um filme com um tubarão gigantes, vários Hunters, Cérberus, Plantas Carnívoras e milhares de zumbis?
Nos resta ficarmos apenas imaginando como teria sido a mega produção do mestre das histórias trash de zumbis, George Romero, já que o título foi mesmo cedido aos caprichos do alienado Paul W. S. Anderson.
O cineasta e roteirista, George Romero, criador e diretor de Madrugada dos Mortos e Terra dos Mortos, entre muitos outros trabalhos, obras de ficção zumbi muito anteriores a Resident Evil
Caso alguém aí esteja curioso para ler e ver como foi o roteiro do Romero em português, clique AQUI
E caso desejem ver o trabalho incrível de Romero no comercial de Bio Hazard 2, clique AQUI
Créditos do Artigo: #Lara_ Redfield
Revisão e Adaptação: #Dan_Yukari
