Analisando Resident Evil 6 Passo a Passo - Parte 1

 

Análise da campanha de Leon S. Kennedy.

Capítulo 1.


Primeiras gafes: Introdução. 
A introdução da campanha é quase perfeita, mostrando um pouco de drama com as lembranças de Leon sobre a amizade dele com Adam ao ver o amigo transformado em zumbi. Enquanto se recorda da decisão do presidente de revelar todo o ocorrido no incidente de Raccoon Leon é forçado a atirar no presidente zumbi e matá-lo para salvar Helena. Nesse ponto é possível ver pelas lembranças de Leon que o presidente diz “O exército me ensinou isso” sobre a dificuldade de manter segredos do público. Como o assunto que eles falavam era sobre o ocorrido em Raccoon pode-se presumir que na ocasião Adam Benford deveria ser o Secretário de Defesa, ocupação atual de Derek Simons e havia sido um dos membros da comissão que autorizou a destruição da cidade qual Leon escapara. Foi nessa época que os dois se tornaram amigos, quinze anos antes do novo incidente em Tall Oaks, que levou a morte de Adam.


O que estraga a introdução é a atitude de Leon. Por quê? Porque Leon é um agente do governo veterano, que viveu o caos de um incidente envolvendo o bioterrorismo e mesmo depois de ouvir de Helena que ela tinha parte na culpa daquilo ainda acobertou a mentira da mesma escondendo a verdade que sabia de Hunnigan. Independente do caso de que Leon seja um mulherengo ou cavalheiro, ali estava muito mais em risco do que as necessidades de uma mulher como Helena. Leon havia acabado de matar seu melhor amigo transformado em zumbi e mesmo após ouvir a mulher em sua frente dizer que era culpada ele decide segui-la e aceitar seus termos para ela lhe dizer o que sabia. Na real, após matar seu amigo, ver um dos culpados diante de si e ver a situação crítica em que se encontrava como acontecera em Raccoon em 98, o correto teria sido o mesmo render a mulher diante de si e dizer a verdade a Hunnigan quando a mesma lhe contatasse. Em seguida ele poderia seguir caminho levando Helena algemada e sob custódia a um ponto seguro indicado por Hunnigan para os federais. No momento em que Leon se torna “passivo” de Helena nos primeiros instantes, muitos com certeza pensaram “Essa não é a campanha do Leon, é a campanha da Helena” e estavam certos.

Capítulo 1/1: Campus – Sala de Estar.
Logo após a introdução Leon e Helena saem da sala do presidente. A sala do presidente não é muito detalhada, é bastante escura e mesmo se vasculhar não tem nada nela. Seria bem interessante se tivesse algum file, mas não tem. Os primeiros diálogos entre Leon e Helena beiram o ridículo parecendo uma criança falando com uma pessoa mais velha. Leon diz “Se eu te acompanhar até essa catedral então você me dirá tudo que sabe?” e Helena responde “Se eu não lhe contar lá talvez não acredite em mim”. WTH? Ignorando esse detalhe a campanha começa e o início é bem interessante. Após saírem da sala e seguirem por um corredor ambos descem para um salão de festas onde o presidente receberia as pessoas para quem falaria, na certa figurões e repórteres de renome. Contudo, o local está totalmente destruído e vazio. Pode-se supor que as pessoas ali já haviam fugido, isso para as que não se tornaram zumbis. Nessa parte do capítulo 1 o cenário é um dos melhores do jogo em passar a sensação de suspense. Leon e Helena descem pela escadaria e seguem o som de um barulho encontrando um dos participantes da reunião que procurava sua filha. Leon decide ajudá-lo e os três saem procurando pela garota. O cenário é bem escuro e dá uma sensação de insegurança todo o tempo.

Quando encontram a garota a mesma está toda suja de sangue e fica óbvio que ela estava contaminada. Mesmo assim o pai da menina a acolhe e os quatro seguem pelo elevador que dá acesso à garagem do prédio da Universidade Ivy, onde o presidente faria sua palestra. Dentro do elevador mais uma vez a energia falha e tudo fica no escuro. Pra piorar a menina se torna um zumbi e mata o pai e em seguida ataca Leon. A cena, na minha opinião, é tão impactante quanto o primeiro zumbi que vemos devorando um membro da equipe BRAVO no início de Residente Evil 1. Após Helena atirar na mesma o elevador desce e ao abrir suas portas ela e Leon se veem diante de uma garagem com zumbis por toda parte. Assustados, mas sem opções os dois correm e escapam para a sala de segurança da garagem do prédio. Leon vê pela câmera alguns sobreviventes pedindo ajuda e pensa em ajudá-los, mas Helena o faz entender que é tarde demais para eles. Os dois então decidem seguir para o prédio principal do Campus.

Uma gafe nessa parte do jogo que poucos notam é o “clima”. Enquanto estão dentro do primeiro prédio em vários momentos relâmpagos clareiam os corredores e as janelas estão todas embaçadas sugerindo uma tempestade ou pelo menos uma chuva forte do lado de fora. Na parte em que ambos encontram o pai de Liz, após passar pelo salão de festas e entrar pela porta dupla, se o jogador ao invés de ir direto para a próxima porta optar por subir as escadarias irá encontrar um Spray de Primeiros Socorros no alto e na volta um relâmpago clareia toda a sala e Leon precisa cobrir os olhos para se proteger. A furada está ao sair do prédio, onde não há vestígios de chuva e os relâmpagos somem do nada. Os relâmpagos de antes eram só pra aumentar a tensão então? De qualquer forma, uma brecha no capítulo 1/1, mas nada que afete a jogabilidade ou a tensão do momento. Esse início é uma das melhores partes da campanha de Leon (ou da campanha da Helena, como preferirem).


Capítulo 1/2: Campus.

Não há muito o que dizer dessa parte a não ser que é muito boa. Leon e Helena passam por dentro do prédio da Universidade Ivy, por algumas salas da direção, por duas salas de aula e saem em uma praça de alimentação ao ar livre. Todo o cenário é bastante sombrio, até mesmo a área aberta e traz muita sensação de horror os zumbis vistos na escuridão ao longe. Ali eles precisam passar pela segurança para saírem das dependências do Campus e para isso precisam de uma chave em um prédio próximo. A situação fica feia em um corredor estreito quando uma porta com trava de segurança se lacra e eles são atacados por zumbis que entram pelas janelas até que a mesma se desbloqueie. O espaço apertado, a pouca munição inicial e muitos zumbis deixam o coração na mão. Em seguida, após pegarem as chaves e seguirem para o prédio de destino a fim de saírem dali, Leon passa pelo detector de metais da segurança que identifica sua arma e o barulho do alarme atrai zumbis até da China ao local. Correndo feito doidos os dois encontram um carro de polícia e fogem nele.



Essa cena do carro de polícia nada mais é do que uma recriação da mesma cena de Raccoon em Resident Evil 2, quando Leon fugiu com a Claire. Da mesma forma um zumbi faz Leon perder o controle do carro e o veículo explode. Leon e Helena escapam, mas diferente da azarada da Claire, Helena ainda continua com o agente e segue caminho com ele pelos túneis do metrô. Isso me pareceu um pouco de falta de criatividade, tentar agarrar os fãs mostrando uma “homenagem” ao que todo mundo já havia visto em outro jogo. Poderia ter sido melhor, mas dá pra encarar. Contudo, os comandos para Leon achar a chave e dirigir o carro são tão pobres e simples que poderia ter sido tudo simplesmente uma cutscene como em Resident Evil 2 mesmo.

Capítulo 1/3: Subsolo.
Assim que o carro onde Leon e Helena fugiam explode e os dois escapam vivos (sem nem ao menos um arranhão, nem as roupas deles se rasgam depois de saírem de um carro que estava capotando, apenas umas sujeirinhas no rosto, fator de cura melhor que o do Wolverine) Hunnigan entra em contato e sugere que ambos sigam pelo subsolo em uma das linhas de Metrô da cidade. Leon diz de forma sarcástica que adora “esgotos”, outra alusão a Resident Evil 2, como se ninguém soubesse pelo que ele passou em Raccoon. Mas esqueça o subsolo de Raccoon, nada de chão verde e crocodilos aqui. O cenário do subsolo é bem curto, mas também bem intenso. Leon e sua parceira logo que descem pelo bueiro tem um “momento” em que o galã encara a mulher nos olhos e faz umas piadinhas sem graça pra parecer ser legal. Em seguida ambos descem por uma elevação e se veem nos trilhos do metrô, que é onde mais da metade dessa parte acontece. Como já era de se esperar, os túneis estão repletos de zumbis e para ajudar a escuridão é total.




Destacando a questão da escuridão, essa parte foi uma grande jogada da Capcom. Primeiro pelo sensação de claustrofobia e terror que o jogador sente o tempo todo. A pequenina lanterna que Leon e Helena carregam tem um alcance muito curto, ou seja, só serve para mirar o que está próximo, os zumbis ao longe são invisíveis e em alguns casos se vê sua silhueta e nada mais. Tudo está tomado pela escuridão e se o jogador tentar se aproximar de paredes e outros objetos pelo cenário irá se deparar com uma outra surpresa: os piores gráficos do jogo. Isso mesmo, gráficos horríveis escondidos na escuridão, piores que algumas renderizações de Resident Evil 4. Mas como o jogador passa por essa cena correndo e se focando nos inimigos, os detalhes escondidos na escuridão ou sobrepujados por pequenos pontos iluminados passam despercebido. Uma ótima jogada para manter a tensão ao mesmo tempo que poupa recursos.
Nessa parte também se vê o lado altruísta de Leon novamente em ação quando ele decide ajudar uma mulher que está presa em um dos carros do metrô logo no final dessa parte. O único problema é que a doida sai correndo para procurar pelo filho e no desespero cai na boca de um bando de zumbis. Os trens do metrô ficaram bem detalhados e caprichados e andar dentro dos vagões também passa a sensação de claustrofobia por serem muito estreitos. Um detalhe que é bem inteligente, embora simples de se esquivar são os trens do metrô ainda em funcionamento. Em dois momentos os trens vem e é preciso se encostar na parede para evitá-los, o terceiro basta estar na linha paralela à que ele passa. Helena pergunta como os trens ainda podem estar funcionando e Leon explica que são automáticos, ou seja, não precisam de ninguém os controlando e provavelmente devem estar cheios dos mortos ressuscitados. Como diz o Leon, “Zumbi Express”.

Capítulo 1/4: A cidade.
Após passarem pelo metrô Leon e Helena saem em uma Tall Oaks tomada pelo caos. A sensação de opressão e sobrevivência é enorme. Essa parte do jogo me lembrou Operação Raccoon City pelo drama mostrado na cidade com o caos de zumbis tomando as ruas. Claro que em Resident Evil 6 os gráficos estão melhores, mas a ideia é a mesma. Não importa para onde olhe enquanto corre pelas ruas ou atravessa vielas e passa por dentro de casas e prédios, a visão é sempre a mesma: pessoas fugindo, veículos batidos por toda parte, muitos focos de incêndio em casas e carros e zumbis por toda parte. É interessante notar que nessa parte há uma grande variedade de zumbis normais, aqueles que não tem nenhuma “habilidade especial”. Em alguns pontos alguns soldados zumbis carregam metralhadoras e atiram. Há que diga que isso é um ponto idiota, pois “zumbis não atiram”, mas é interessante notar que eles não miram. Lembrando que os ressuscitados pelo vírus tem resquícios de memórias, soldados que morreram com as armas presas ao corpo pelo suporte, ao voltarem à vida, poderiam bem apertar o gatilho involuntariamente ou diante de algum estímulo, isso não quer dizer que eles estão “pensando” ou mirando em um alvo propositalmente. Também nessa parte do jogo aparecem os zumbis pegando fogo dos acidentes e ficaram muito bem feitos.




A cena da cidade termina em um posto de gasolina. Me lembrou saudosamente do posto “Taxaco”, o primeiro posto visto na introdução de Resident Evil 2 e o posto onde o Wolfpack e o Echo Six trocam tiros com direito a um Nemesis raivoso pelo caminho em Operação Raccoon City. Nesse caso, ao chegar no posto, as ruas estão bloqueadas por carros destruídos e Leon e Helena encontram diversos sobreviventes sendo atacados por zumbis. Novamente Leon se põe a ficar para ajudar os sobreviventes. Alguns morrem, outros não e por fim um furgão da S.W.A.T. surge desgovernado e bate em uma bate no canto do posto. Pra quem não gostou dos zumbis que atiravam, esse foi o momento de ficar doido, pois do furgão saem quatro zumbis que não apenas estão armados como também usam coletes e só levam tiro na cabeça.
Enfrentar esses zumbis é opcional, eles são resistentes e deixam bons bônus, inclusive toda essa cena gera um bom bônus se for coletar tudo pela quantidade de inimigos e alguns especiais perdidos pelo meio. No entanto, logo em seguida após o furgão com os novos zumbis bater um dos sobreviventes diz para Leon ou Helena atirarem na bomba do posto de gasolina e assim acabarem com os zumbis todos de uma vez na explosão. Eu fico me perguntando quem foi o idiota que teve essa ideia de explodir um posto de gasolina com um tiro sendo que não iam ser apenas os zumbis que iriam pelos ares. Aí você diz “Pois é, os protagonistas morreriam nisso também, certo?”. Errado! Protegidos pelo roteirista da Capcom e com fator de cura mutante diretamente de X-Men, Leon ou Helena podem chegar do lado da bomba vazando combustível e atirar. A explosão ativa a cutscene e os personagens aparecem poucos metros, isso mesmo, pela distância, a menos de dez metros de onde aconteceu a explosão e um outro os chama para irem até um “lugar seguro” próximo. É nesse momento que Wolverine, digo, Leon e sua parceira seguem para a Loja de Armas, a parte final do capítulo 1 da campanha.

Capítulo 1/5: A Loja de Armas.
Certamente a Loja de Armas é o fechamento com chave de ouro para o primeiro capítulo, mesmo com a introdução idiota que esse capítulo tem e com o fato de Leon seguir Helena com um animal de estimação abanando o rabo pela escuridão da cidade afora.



Logo de início nessa parte a tensão toma conta novamente. O dono da Loja de Armas, um ex-militar assustado com a onda de violência que está ocorrendo e a proliferação de zumbis por toda parte simplesmente vai para o andar superior e se tranca lá. No salão da Loja de Armas mesas e cadeiras já foram removidas e a maioria das janelas estão fechadas com tábuas para impedir o avanço dos monstros. Mesmo assim os inimigos continuam avançando e Leon, Helena e outros sobreviventes precisam se defender contra a invasão, uma vez que o sujeito no andar de cima anuncia que só irá abrir a porta quando as coisas estiverem seguras. Esse começo possui os mesmos toques de claustrofobia de antes, a Loja de Armas é um lugar apertado com muitas pessoas correndo e zumbis entrando pelas janelas. Nesse ponto um novo tipo de zumbi aparece, totalmente sem pele e com musculatura um pouco maior, além de mais rápido. A resistência do mesmo é grande, mas felizmente é um tipo mais raro.
Assim que os protagonistas sobem para o andar de cima descobrem que a coisa não está muito melhor ali. Zumbis que haviam subido escadas nos prédios laterais próximos estão invadindo e é preciso se virar no meio dos outros sobreviventes até que seja possível ir para a parte mais alta do prédio. Nessa parte aparece o primeiro “Balofo” da campanha, um zumbi gordo enorme muito mais resistente e forte. É bom lembrar que essa é a única parte em que o Balofo oferece algum desafio, pois a sala é minúscula e ele ocupa 25% do espaço. Ah, mas então sobrou 75% do espaço na sala? Bem, pense que há Leon, Helena e mais uma meia dúzia de sobrevivente nesse lugar, então não há muito espaço livre. Nas outras aparições do Balofo na campanha ele normalmente está em espaços abertos com distância segura para atirar e se esquivar.
Na parte mais alta do prédio Leon olha em volta e vê que a situação é bem pior do que parece. No alto de todos os prédios próximos há zumbis e o caos está instalado por completo no lugar. Para piorar as coisas vários zumbis de um prédio vizinho bem próximo começam a saltar para o prédio onde eles se encontram na caça aos sobreviventes. Pra quem chegou até aqui não é tão mais difícil do que foi antes. A diferença é que o lugar, além de bem estreito, ainda ganha a presença de um daqueles zumbis mais resistentes e um Balofo ao mesmo tempo. Os jogadores mais novatos podem até sofrer nessa parte, mas qualquer um que tenha guardado pelo menos dois explosivos plásticos (dos quais se acha vários no metrô) passa por aqui sem problemas, pois dois explosivos são o suficiente para matar os inimigos mais fortes, basta plantá-los e explodi-los na hora certa.
Depois disso a sequência final da fase mostra Leon, Helena e outros sobreviventes descendo pela lateral do prédio da Loja de Armas e fugindo em um ônibus escolar que estava parado ao lado. Para aumentar o drama e a tensão, um Balofo segura o ônibus por alguns instantes e alguns dos sobreviventes acabam morrendo enquanto atiram nos zumbis próximos demais das janelas. Nada tão surpreendente, mas que mostra claramente o desespero que todos estavam passando e portanto, os erros cometidos por muitos tomados pelo medo.

Considerações finais do capítulo: Apesar da história furada de Leon seguindo a estranha Helena sem sequer conhecê-la melhor ou saber suas verdadeiras intenções, as partes de tensão e sobrevivência são muito constantes. O alcance da infecção é bem retratado no metrô e na cidade e pode-se perceber que o caos está dominando tudo rapidamente. Mesmo com as “propagandas” de Resident Evil 2, esse capítulo consegue manter uma identidade própria com cenários bem originais no Campus, no Metrô e na Loja de Armas. A cidade em si é tudo que alguém poderia imaginar de um caos gerado pelo surgimento de zumbis. Se ignorar os protagonistas com uma Helena nada interessante fazendo jogo de difícil e um Leon com jeito de bobo alegre seguindo a mulher pra cima e pra baixo, o capítulo traz a nostalgia que os fãs desejavam há tanto tempo.


Dan Yukari - Administrador do Blog.