Casais em Resident Evil


Clichê, caça-níqueis ou apenas detalhes?

Uma coisa que muitos fãs vivem discutindo é a sexualidade dos personagens de Resident Evil. O que acontece com os casais, quem fica e quem não fica, como anda aquele chove e não molha de sempre? Não que isso influencie em qualquer coisa, mas muitos fãs já aceitaram os diversos jogos da franquia com os muitos capítulos de uma novela mexicana e isso gera uma discussão que vai longe nos fóruns e grupos. Mas aí eu venho com uma pergunta que acima de todas deve ser de longe a mais importante: isso é relevante? Pra mim existem duas respostas, sim e não.
Mas como assim duas respostas? – você deve estar se perguntando. Pois bem, o diferencial crucial nessa questão está em até onde esse relacionamento entre determinados personagens segue e interfere na história. O que vemos comumente são os climas de seriados americanos e animes japoneses, coisa que é bem estranha pra muitos fãs da franquia que não curtem (ou apenas não entendem mesmo) sobre o que está rolando. Em alguns casos, os personagens ficarem próximos demais torna o papel deles na trama totalmente fora de foco e inadequado. Pra quem aí disse que isso não tem nada a ver, vamos lembrar que Resident Evil é um jogo e portanto os heróis tem que ser acima de tudo heróis, o que só é possível quando isso está acima das outras necessidades que o personagem tem. Vamos imaginar em um exemplo Chris e Jill casados, ele provavelmente, dado seu espírito super protetor e patriota, não iria mais querer a esposa em missões de campo, ter a parceira junto é uma coisa, a mulher já é bem diferente. E a própria Jill, como ficaria nessa história? Ela não aceitaria a ideia de sair de cena, ficar nos bastidores ao passo que o marido está pelo mundo arriscando a pele. Além disso, e se ambos fossem para uma missão e na hora de uma decisão crucial houvesse um jargão clássico do tipo “Eu sou seu marido e estou dizendo pra você ficar que eu cuido disso, está me entendendo?”. Quem aí pensa que isso não aconteceria está bem enganado, isso acontece com qualquer casal. Mas temos então dois parâmetros de avaliação aqui: um, caso nunca houvesse uma discussão entre eles, isso pareceria real ou só seriam casados no profile de personagem? E dois, se acontecesse, qual a influência disso no jogo e melhor ainda, o que isso teria a ver com a ideia principal de Resident Evil, afinal, isso é coisa pra Second Life ou The Sims, em Resident Evil o foco é manter a paz na base dos tiros quando é preciso.
Enfim, essa é uma discussão que muitos fãs não aceitam por envolver seus personagens preferidos e que nunca tem fim, mas verdade seja dita, não é o ponto principal de Resident Evil e dessa forma não há como ficar exigindo da Capcom um parecer disso. Cada um pensa como achar melhor e assim ficam os bastidores de Resident Evil na cabecinha dos fãs, imaginando qual a verdade por trás da sexualidade e relacionamentos entre os personagens.
 Aqui vamos apenas tomar alguns personagens como exemplos, analisando suas afinidades e personalidades, bem como a participação na história do jogo:


~ Chris Redfield e Jill Valentine.
A primeira dupla de personagens a surgir na trama. Chris e Jill são atualmente militares veteranos à serviço da B.S.A.A. Os dois nem sempre atuam mais como parceiros, vide os jogos mais recentes, RE Revelations e RE6, onde ambos aparecem em missões solo independentes. Mas não importando se eles estão juntos o tempo todo ou não, o que é visível na história é o elo de amizade entre ambos. Ainda que a maioria dos fãs veja um clima entre eles nas muitas cenas em que estão juntos, o que o jogo mostra na verdade são apenas flertes. Essas cenas são bem comuns entre pessoas que trabalham juntas, principalmente as que trabalham juntas há muito tempo, o elo de amizade é muito maior que a amizade comum. Eles poderiam aprofundar isso e ficarem juntos? Provavelmente sim, afinal ambos tem ideais parecidos, vidas estáveis e afinidades entre si. Mas isso não quer dizer que vão ficar, pois acima de tudo eles são soldados e um romance entre ambos não é a prioridade na história de Resident Evil.



~ Leon S. Kennedy e Ada Wong.
Embora a segunda dupla jogável em Resident Evil tenham sido Leon e Claire, foi em RE2 que começou o romance que chove e não molha entre o então policial Leon e a espiã Ada. Leon acabou com o passar do tempo evoluindo muito, se tornando um agente secreto veterano a serviço do governo americano e Ada apenas ficou ainda mais experiente na sua carreira de espiã e ladra que já tinha desde 98. O romance entre ambos é sempre salientado devido ao fato da espiã sempre aparecer onde Leon se encontra e enquanto ela furta algo em sua missão ambos se ajudam e ficam naquela troca de olhares de sempre. O mesmo não fala sobre ela (Helena pergunta a ele sobre Ada em RE6 e ele desconversa), mas o que ele iria dizer? Tudo o que ele NÃO SABE sobre a espiã? O romance entre Leon e Ada se baseia em olhares e salvamentos, tudo o mais além disso está na cabeça dos fãs, os dois sequer tem um diálogo mais longo ou estiveram perto um do outro tanto tempo quanto Chris e Jill, por exemplo. Por fim, como poderiam os dois ficarem juntos e estabelecerem um relacionamento se ele é um agente do governo e ela uma espiã que não serve a nenhum país (aparentemente, já que tudo sobre ela é um mistério), com uma ficha criminal do tamanho do Pacífico? Se ela aparecesse em público seria presa e encarcerada em uma cela tão fundo no subsolo que sentiria o calor do magma no centro da Terra. E no caso do agente decidir seguir sua vida ao lado da mesma sem ela se entregar, ele abriria mão de sua carreira, seus propósitos e ideais para fugir com a asiática, ambos deixando o mundo da ação? Ou mesmo ele mudaria de lado atuando com ela? Acho improvável que um sobrevivente de Raccoon que presenciou o caos que Leon viu com os próprios olhos mudar seus conceitos de forma tão radical do dia pra noite.



~ Jake Muller e Sherry Birkin.
O casalzinho mais recente da franquia, com sua única participação no criticado RE6. Jake é o suposto filho de Albert Wesker, grande vilão da série que foi morto por Chris Redfield e Sheva Alomar em RE5, na África. Em RE6 Sherry o encontra durante sua busca por alguém com anticorpos capazes de neutralizar o Vírus C. Nenhum dos dois, nem ela nem ele sabiam que ele era filho de Albert Wesker (quem aliás, a Sherry nem conheceu). Sherry consegue negociar com o badboy para que o mesmo permita usarem seu sangue em uma vacina e enquanto o escolta ambos são vítimas de perseguições, sequestros e altos combates de vida ou morte. Nesse vai e vem o mesmo descobre que Sherry, assim como ele, possui metabolismo diferente dos humanos normais, devido à exposição ao Vírus T quando seu pai o pesquisava. Ela também descobre que ele é filho do grande terrorista Wesker e ambos, por terem sido injustiçados em suas histórias e por passarem tanto tempo juntos acabam se aproximando. Há uma cena em que ambos estão se trocando ao lado de alguns armários em que Jake dá uma olhada para o corpo da jovem e quando a mesma vê ele se esconde, ambos aparentemente envergonhados. Muitos classificaram isso como um clima, mas esse tipo de cena é bem comum entre irmãos no Japão e muito utilizada em mangás e animes. Vale lembrar onde o jogo é feito originalmente, não é? Além disso, é bom lembrar que Jake, no final da história segue seu caminho sozinho e é visto na última cena lutando onde parece ser algum lugar da Ásia. Sherry, por sua vez, como agente do governo (assim como Leon) retorna com a amostra do sangue de Jake para o governo criar a vacina contra o Vírus C. Resumindo, além dos famosos flertes de trocas de olhares e dos gestos nas horas de tensão, onde está o clima entre ambos, que seguem seus caminhos separadamente no final da história?




Pois é, pessoal, esse assunto não tem fim, mas não esperem por nenhum posição da Capcom sobre o caso, o foco de Resident Evil é outro. Os flertes são clichês comuns que vendem a cena muitas vezes, então é bem provável que continuem acontecendo, mas o perigo para se combater é maior que a necessidade de namorar, então, que venha mais Resident Evil, pois nós fãs, estamos cheios de saudade de detonar contra o bioterrorismo.

Dan Yukari – Administrador da Blog.